O crescimento do Futebol Americano no Brasil depende, também, do fã da NFL no país

Por:
Danilo Lacalle -Valinor Conteúdo
20/10/2021 22:37

Foto: Jayson Braga / Divulgação

Eventos como Brasil e Argentina, que aconteceu no Mineirão, não devem ser as únicas formas de consumo do FA Nacional. É importante que o Fã da NFL abrace o esporte no país

Como todo esporte amador, o futebol americano no Brasil precisa de incentivo das pessoas que gostam dessa modalidade, além do desejado investimento. Mesmo que esse público esteja acostumado apenas com o espetáculo que existe a cada partida na NFL. E o cenário não vai crescer se o fã da principal liga norte-americana não passar a acompanhar, pelo menos, os times da própria cidade.

Em 2020, de acordo com o Ibope Repucom, 27 milhões de pessoas se declararam fãs da NFL, no Brasil. Mas por que toda essa paixão não é replicada às 442 equipes federadas à Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) e seus 18 mil atletas praticantes? A resposta é simples: os times precisam entregar mais daquilo que os fãs querem acompanhar. É uma relação recíproca, onde os dois lados ainda pecam muito.

O fã da NFL está acostumado com uma transmissão interativa, com mais de 12 câmeras (podendo chegar a 20) em cada partida. No futebol americano brasileiro (que denominamos de FABR) vemos, em muitos casos, uma única câmera - às vezes de um celular com internet - realizando a transmissão de cada jogo. E por essa falta de dinamismo, fica difícil para quem está acostumado com um nível muito elevado, acompanhar um esporte que ainda é embrionário no país, mesmo sendo praticado há mais de 10 anos.

Para melhorar a qualidade da transmissão, é preciso de investimento. Não só para transmitir jogos. Isso porque o futebol americano é um esporte caro. Em junho deste ano realizei uma pesquisa com mais de 30 times do FABR, e o resultado foi descobrir que, para cada partida ser realizada Brasil afora, é preciso gastar R$8.405, em média. Agora imagina aumentar o custo da transmissão? Aliás, vale ressaltar a importância que alguns times já passaram a dar a esse quesito, principalmente para começar a trazer retorno às marcas, como o Galo Futebol Americano e o T-Rex.

Porém, a transmissão não é a única forma do fã acompanhar a equipe da cidade. É possível assistir aos jogos dos times - uma experiência única, inclusive - em campeonatos extremamente disputados como a SPFL, MGFL, entre outros, pagando muito pouco (uma média de 10 a 20 reais por ingresso). Inclusive, é um evento para toda a família, mesmo que não entendam muito do esporte. Isso porque, cada vez mais, existe a preocupação em proporcionar benefícios além do jogo, como diversas atrações durante o período que o torcedor estiver na arquibancada, brincadeiras no intervalo, food trucks e brindes.

Diversas empresas de peso, atualmente, começaram a identificar os esforços realizados pelos times do FABR e o potencial retorno que existe nesse mercado. O Grupo Hinova já fechou parceria com o Corinthians Steamrollers e o Galo Futebol Americano. A faculdade UniCesumar, com Mooca Destroyers e a Brasil FA, que incentiva o desenvolvimento do esporte no país. A TIM, com o Coritiba Crocodiles e a SICREDI, com o Cuiabá Arsenal. Isso sem falar em Grupo Sada, Supermercados BH, MRV, entre outras organizações que passaram a entender o público altamente engajado, que acompanha cada equipe.

Mas essas marcas que investem, precisam de um retorno. E com isso os 27 milhões de fãs (ou uma melhor parcela desse público) podem ajudar engajando, acompanhando, dando preferência aos produtos que vêm de patrocinadores das equipes, buscando apresentar os times da cidade para os amigos que também gostam do esporte ou que querem entender mais. Sempre é possível ajudar a modalidade a crescer. Em contrapartida, as equipes podem ir além de publicações nas redes sociais, promovendo palestras, facilitando a interação entre público e patrocinadores, disponibilizando experiências exclusivas, acessos a dados de forma que não interfira na LGPD, sorteios exclusivos, pesquisas de hábitos do público junto às marcas. Como eu disse, os esforços dos dois lados podem ser melhores.

Recentemente, o Governo de São Paulo e a Federação Paulista de Futebol Americano divulgaram a construção de um estádio-complexo específico para a modalidade. E isso pode abrir ainda mais portas ao desenvolvimento do esporte em todo o Brasil, estimulando mais investimentos e chamando a atenção de cada vez mais fãs. A previsão do complexo ser concluído é para 2022, e eu espero ver você lá, com o estádio lotado.